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Resenha: "Elvis" (filme)

Alô, pessoas!
Quem é Elvis Presley, eis a questão. O filme Elvis (2022) tenta responder não quem foi o Elvis e sim quem é o Elvis, mas não um Elvis qualquer, é o Elvis Presley.
Dirigido por Baz Luhrmann, com um roteiro muito bem escrito, um elenco de peso e cenas que fazem qualquer um sentir emoção, Elvis conta a história do também conhecido como Rei do Rock, passeando pela trajetória de sua vida desde a infância, mostrando suas influências que o fizeram se apaixonar pela música, seu início de carreira em 1955, seus sonhos e medos até sua morte em 1977. No filme, como muitos outros biográficos, conhecemos as pessoas que conviveram com o Elvis (interpretado por Austin Butler, que por sinal fez uma ótima atuação e que me surpreendeu com a semelhança com o Elvis), os hábitos, os problemas pessoais e desejos. Porém, o que diferencia essa produção de outras é que vemos a história ser contada pelo Coronel Tom Parker, interpretado por Tom Hanks. Ao longo do filme vemos a visão que Parker tinha para com o Elvis, isso o filme deixa bem claro em cenas em que o personagem dá a sua opinião a respeito de alguma situação enquanto está narrando, muitas vezes chamando o Elvis de "meu rapaz" (my boy).
Nesse caso, a pergunta que deveria ser feita agora é: quem é o Coronel Tom Parker? Qual a relevância dele no filme? De modo geral, ele foi o responsável por jogar a carreira do Elvis no topo, foi ele quem olhou para o Elvis em uma apresentação pouco importante e viu o sucesso chegando só de ver o jovem Elvis Presley dançando e conquistando as jovens só balançando os quadris. Mas para além disso, ele decidia o que o Elvis seria, era ele quem sabia o que o show biz queria e, consequentemente, era ele quem mais queria receber crédito pela fama do Elvis, sendo alguém muito importante para o cantor e muito inteligente. A partir da percepção do Coronel Tom Parker, vemos a sua influência para a carreira do Elvis, influência essa que é bem retratada no filme, sendo uma explicação para o segundo trailer publicado pelo canal oficial da Warner Bros. Pictures Brasil, ao vemos uma cena do Parker afirmando que sem ele, o Elvis Presley jamais existiria.
Ao assistir o filme, fora da perspectiva do empresário, vemos o quão Elvis sempre foi um rapaz muito sonhador e ambicioso, que faria de tudo para que as pessoas que ele amava ficassem felizes. Mas como nem tudo são flores (e quem é fã do cantor sabe), o filme mostra em enquadramentos algumas vezes focados no rosto do ator, para mostrar o que Elvis estava sentindo em determianda cena como tristeza, paixão, aflição, alegria e cansaço. Além disso, é interessante ver como a atuação dos elenco de protagonistas (e figurantes também, diga-se de passagem) se esforçaram e deram o seu melhor. Não é apenas no Elvis que vemos e sabemos o que ele sente mesmo sem falar uma palavra. Em algumas cenas é capaz perceber o que o Coronel Tom Parker está pensando quando viu o cantor se apresentar várias e várias vezes em diversos lugares, o que Priscilla Presley (Olivia DeJonge) sente ao perceber o distanciamento do marido e o que as fãs do jovem Elvis sentiram quando viram ele balançar os quadris. Como havia falado antes, o roteiro foi muito bem escrito e isso misturado com uma boa direção e uma boa atuação é o que torna esse filme único e diferente dos outros filmes biográficos. 
O filme também é cheio de cenas que surpreendem tamanha semelhança com a gravações originais. Há também momentos que não só marcaram a história dos Estados Unidos, como também marcaram a vida do cantor, segundo o filme, o que abre espaço para uma (das muitas) discussão muito séria. Os Estados Unidos dos anos 50 possuíam uma política segregadora e racista — além de ser muito conservadora —, e um dos primeiros problemas que Elvis teve que enfrentar no início da carreira era, principalmente, lidar com o conservadorismo estadunidense, que não gostava nem um pouco da forma que o Elvis dançava e o  motivo para tanto barulho por causa de uma simples dança é muito bem explicado no filme. 
No geral, é um filme muito bom. Com uma trilha sonora maravilhosa, um segmento de enredo um pouco confuso no início — mas que é explicado conforme o tempo vai passando —, diálogos marcantes, cenas emocionantes e nuances do glamour e do  brilho aumentando ao longo do filme. Embora o filme ultrapasse um pouco mais das duas horas de duração, ele é tão cativante que nem se percebe o tempo passar. Vale muito a pena assistir!




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