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Conheça e entenda a importância da Motown, uma gravadora que impulsionou a Black Music

 Alô, pessoas!
De 1877 até meados de 1960, os Estados Unidos passaram por um período segregador e racista devido às Leis Jim Crow. Essa segregação tinha como doutrina ''separados, mas iguais'', o que significava que negros e brancos coviviam em sociedade, mas segregados em vários aspectos. Assim, as oportunidades para ser um negro bem-sucedido nos Estados Unidos eram quase escassas, uma vez que a segregação ia de transportes públicos e bebedouros à universidades e empregos, além do preconceito em ter negros trabalhando em cargos altos. Apesar disso, não era impossível ter uma carreira de sucesso em qualquer área para um negro, mas era muito dífícil. Por isso, vale citar alguns exemplos de carreiras que deram certo durante esse período de aproximadamente 87 anos: Louis Armstrong (músico), Josephine Baker (dançarina e cantora), Chuck Berry (cantor e compositor), Ray Charles (cantor e compisitor), Scott Joplin (compositor e pianista), Katherine Johnson (matemática, física e cientista espacial), Marie Maynard Daly (bioquímica), Angela Davis (filósofa) e entre muitos outros.
Seguir uma carreira artística de sucesso sendo negro nos Estado Unidos em 1950 não era impossível, porém era difícil, mas isso mudou quando Berry Gordy Jr. fundou a gravadora Motown Record Corporation (também conhecida como Tamla Records) em janeiro de 1959, na cidade de Detroit (estado de Michigan). A gravadora recebeu esse nome em homenagem à cidade, que é apelidada de Motor Town. 
The Supremes, Marvin Gaye, The Jackson Five, Stevie Wonder e The Miracles. Foto: edição

Berry Gordy criou a Motown com o objetivo de defender a comunidade negra, por isso a gravadora era quase exclusivamente negra, sobretudo os artistas. A Motown abriu espaço para muitos artistas negros e popularizou a Soul Music nos Estados Unidos e no mundo. Dos muitos artistas que a Motown lançou, destacam-se The Miracles, Marvin Gaye, Stevie Wonder, Diana Ross (The Supremes), Michael Jackson (The Jackson Five) e Martha Reeves and The Vandellas. 
Os artistas que passaram pela Motown no início dos anos 1960 tinham como gênero músical predominante o soul e as músicas tinham letras que falavam sobre amor, dança, coisas alto-astral e às vezes melancolia. Embora o contexto em que ele estava inserido pudesse motivar, Berry Gordy não queria que as músicas tivessem teor político, pois o objetivo da gravadora era agradar a todos, independente da cor de pele, etnia, classe social e religião. Assim, um dos primeiros sucessos da Motown foi Please Mr Postman (The Marvelettes), em 1961, que foi regravado pela banda britânica The Beatles e, posteriormente pelo duo estadunidense The Carpenters.
Please Mr Postman (The Marvelettes)

Soul é um gênero musical que se originou na comunidade afro-americana nos Estados Unidos no final dos anos 1950 que mistura jazz com gospel e blues, e Berry Gordy viu futuro nesses gêneros para agradar o gosto da juventude estadunidense, por isso procurava por artistas novos que cantavam gospel em igrejas. A fama da gravadora foi construída em cima do soul. O soul da Motown era tão característico que as músicas lançadas pela gravadora recebiam o apelido de Motown Sound (som da Motown).  Embora as músicas não tivessem teor político, parte da população negra estadunidense utilizou as músicas como forma de luta antirracista, uma vez que a Soul Music era utilizada por jovens ativistas como meio de lutar pelos seus direitos e pelo fim da segregação racial. Um exemplo da influência da Motown com essa luta é a música Dacing In The Street (Martha Reeves and The Vandellas), de 1964, que possui uma letra animada que convida pessoas de muitos lugares dos Estados Unidos para dançar na rua. A música tem uma letra inocente, mas, de forma involuntária e não-intencional, virou um hino do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos. 
Dancing In The Street (Martha Reeves and The Vandellas)

A partir dos anos 1970, a Motown perdeu um pouco a fama de mostrar apenas soul porque começou a apostar em gêneros musicais que estavam surgindo como o funk e a disco music. Continou fazendo grandes hits para The Jackson Five, Marvin Gaye, Stevie Wonder e Diana Ross (já em sua carreira solo). Nessa década, a Motown saiu de Detroit e foi para Los Angeles. Em 1988 foi vendida para a Polygram, que revendeu à Universal Music. Atualmente os artistas da Motown se diversificaram um pouco, mas ainda a gravadora presa por divulgar em sua maioria artistas negros. 
A criação da Motown foi muito importante para o mundo como um todo. Sem essa gravadora revolucionária, muitos artistas que conhecemos hoje (como Michael Jackson e Stevie Wonder) não existiriam. Além disso, o fato da Motown dar fama para vozes negras em um período extremamente intolerante motivou outros artistas a entrarem na carreira musical, artistas de gravadoras diferentes, de gerações diferentes e até de países diferentes. 

"A Motown, ao meu ver, ultrapassou a importância da Black Music. Ela teve uma importância gigante para a cultura como um todo. Para nós, a Motown nos ajudou nas questões de autoestima, de referência, de inspiração para o nosso desenvolvimento como artista. Empresa preta, com artistas pretos, abrindo o caminho para fortalecer algo que hoje sabemos que o futuro é ancestral", afirma a cantora e compositora Izzy Gordon em entrevista online para A Musicatopia. 



  

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